O Projeto Político-Pedagógico na Perspectiva do Planejamento Participativo - Texto 04

Dificuldades e limites na construção do Projeto Político Pedagógico

Quando estudamos, discutimos ou participamos de eventos nos quais o tema é a escola e a construção do seu projeto, é comum sentirmos uma mistura ambígua de entusiasmo e desalento. É usual ouvirmos e, muitas vezes, nós mesmos até comentamos que “na prática tudo é diferente”, que é “muito difícil realizarmos o proposto”, que os “pais não sabem participar” etc. Muitos desses argumentos parecem reafirmar o velho jargão que em educação “tudo é difícil”, “nada muda” etc.
Gadotti (2000), ao discutir os obstáculos e limites que surgem quando se procura implementar processos de gestão colegiada, argumenta que para a real efetivação dos mesmos é preciso que escola desenvolva um ambiente informativo promovendo acirculação de informações em todas as etapas do planejamento escolar e do fazer pedagógico-organizacional, ou seja, no estabelecimento do calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo de elaboração ou de criação e novos cursos, ou de novas disciplinas, na formação de grupos de trabalho etc.
Quais obstáculos ou limites encontramos com freqüência nestes processos? De acordo com o autor, a maioria dos problemas deve-se:
  • à pouca experiência democrática;
  • à mentalidade que atribui aos técnicos (e apenas a estes) a capacidade governar e que o povo é incapaz de exercer poder;
  • à própria estrutura verticalizada de nossos sistemas educacionais;
  • ao autoritarismo que, historicamente, tem impregnado nosso ethos educacional;
  • ao tipo de liderança que tradicionalmente domina a atividade política no campo educacional.
Para enfrentar essas dificuldades, qual seria o caminho? Ainda de acordo com Gadotti (2000):
  • o desenvolvimento de uma consciência crítica;
  • o envolvimento das pessoas – comunidades interna e externa à escola;
  • a participação e cooperação das várias esferas do governo;
  • a autonomia, responsabilidade e criatividade como processo e como produto do projeto.
Enfim, é preciso ousadia dos professores, dirigentes, pais alunos e ousadia da escola para construir sua identidade como instituição social, assumir compromissos, e para criar um futuro melhor do que o presente.
Assim, antes de elaborar o PPP é preciso planejar como ele será feito, ou seja, “planejar o planejamento”. Uma dificuldade que temos de vencer é a questão do tempo, e é preciso definir quais tempos teremos para ele.
Sabemos que o tempo na escola é escasso, uma vez que nela temos diversas demandas e que os estudantes necessitam de nossa atenção. Sim, isto é verdade, mas sabe-se que tempo depende também de nosso interesse. Se o coletivo de professores e gestores da escola desejar ter este tempo para o planejamento, o definirão como prioridade para viabilizá-lo.
Vale destacar também que elaborar o planejamento da escola não é perda de tempo, mas pelo contrário, é ganhar tempo, pois serão antecipadas decisões com o propósito de que o trabalho pedagógico seja exitoso e, posteriormente, não se perca tempo com ações que poderiam ser previstas e, assim, muitos equívocos de ordem pedagógica e organizacional poderiam ser evitados. [Fonte: UFSC]

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