O Projeto Político-Pedagógico na Perspectiva do Planejamento Participativo - Texto 07

A elaboração, implementação e avaliação do Projeto Político-Pedagógico.

Elaboração do PPP:

1.2. Mobilização

Conforme já discutimos, a construção do Projeto Político Pedagógico pode constituir-se num dos mais importantes instrumentos da gestão democrática na/da escola. É nesse sentido que Gadotti (2000) afirma que o PPP estabelece uma ruptura com aquilo que já está instituído, tornando-se, assim, instituinte de uma nova direção para as ações político-educativas da escola. Ele apresenta algumas condições “facilitadoras” para que o PPP seja bem sucedido:
  • Comunicação eficiente: um projeto deve ser factível e seu enunciado claramente compreendido;
  • Adesão voluntária e consciente ao projeto: importância da participação e co-responsabilização de todos;
  • Suporte institucional e financeiro: vontade política, pleno conhecimento de todos - em especial dos dirigentes - e recursos financeiros definidos;
  • Controle, acompanhamento e avaliação do projeto: todos precisam estar envolvidos e a co-responsabilização é um fator decisivo;
  • Atmosfera e ambiente agradáveis: se expressa na circulação de informações, na divisão de tarefas, na adesão da comunidade escolar ao projeto;
  • Credibilidade;
  • Um bom referencial teórico: necessário à definição dos conceitos, da orientação política do projeto.
Acrescentaríamos aos itens propostos por Gadotti (2000), a necessidade de uma boa mobilização da comunidade escolar como condição também necessária à compreensão da importância do PPP para a escola.
A palavra mobilizar, segundo o Dicionário Houaiss, é derivada do verbo francês mobiliser, e “significa causar a mobilização; por em ação um conjunto de pessoas para uma tarefa, para uma campanha ou conclamar pessoas a participarem de uma atividade social, política ou de outra natureza insuflando-lhes entusiasmo, vontade etc”. Da definição proposta, podemos derivar duas conclusões:
  • mobilização tem caráter processual e;
  • significa articular, por em ação pessoas para em torno de um objetivo comum. Isso significa, pois, que a idéia de mobilização está associada também às idéias de participação e de partilhamento de objetivos.
Quando nos referimos à “mobilização” de imediato, a associamos a movimentos sociais, reivindicatórios ou eventos de caráter político. De fato, nosso imaginário é repleto das imagens de mobilização popular que, desde as últimas décadas, reivindicam e consolidam a democracia em nosso país. Contudo, para que os objetivos pretendidos possam ser atingidos, é preciso que a mobilização tenha continuidade. Por isso, dizemos que a mobilização é um processo de caráter educativo, na medida em que promove a participação de todos e a discussão dos problemas ou das situações que estão em sua origem, possibilitando também o que Paulo Freire denominou de conscientização.
Da perspectiva da gestão democrática da escola, mobilizar a comunidade escolar implica desenvolver um processo de amplo envolvimento e engajamento da comunidade com o PPP. Isso nos leva a considerar a multiplicidade de singularidades, as diferentes perspectivas, interesses, valores, expectativas reunidas em torno de um propósito comum. Nesse sentido, o caráter pedagógico da mobilização também se expressa, pois, para ser efetiva, a mobilização implica a existência de um vínculo significativo entre os sujeitos e os objetivos em torno do qual se mobilizam. Ou seja, é preciso que aquilo que move os sujeitos tenha “sentido”. Tem que estar vinculado às suas necessidades, ainda que muitas vezes essas necessidades não sejam totalmente conhecidas.
A mobilização das pessoas não ocorre, entretanto, de forma espontânea. É preciso que alguém tome a iniciativa de chamar, de convidar para o debate, de propor ações com vistas ao objetivo pretendido. Duas condições parecem ser necessárias à mobilização:
  1. ações coordenadas por um coletivo ou um dirigente;
  2. definição de estratégias ou dos “caminhos” a serem utilizados para mobilizar o grupo socialmente envolvido.
  3. Como poderíamos satisfazer essas duas condições, em se tratando da construção do PPP?
Se a mobilização implica fazer movimentos em direção a um objetivo, também implica direção e intencionalidade. Isso não significa, entretanto, que apenas uma pessoa seja responsável por tal processo; sabemos que exige definição de estratégias, de recursos/meios, de atividades dirigidas etc. Vejamos como poderíamos fazer:
  1. Organização de uma coordenação/grupo que pode ser composta por representantes do grêmio estudantil, do conselho escolar, dos professores e funcionários, responsável por discutir e elaborar um plano de mobilização da comunidade escolar para a construção do PPP. Definição de tarefas e responsabilidades no grupo;
  2. Definição de estratégias para mobilizar as famílias, os estudantes, os professores e os funcionários para a discussão do tema: o que é PPP, sua importância para a escola e a necessidade da participação de todos;
  3. Implementação das estratégias consensuadas no grupo;
  4. Definição de estratégias para manter a comunidade escolar mobilizada para a gestão democrática da escola, o que implica não apenas a elaboração do PPP, mas também o acompanhamento de sua implementação. [Fonte: UFSC]

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